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Jul
Acontece nos próximos dias 15 e 16 de Julho, na cidade de Adis Abeba, Etiópia o 19 º Encontro da União Africana que reunirá chefes de Estado de 54 países africanos para discutir soluções para a integração e segurança do continente. A União Africana é a maior instância diplomática do continente e mantém diversas instituições de cunho econômico, social e militar. O tema dessa Assembléia é "Promover comércio intra-Africano" e o objetivo é estabelecer uma zona de livre comércio continental até 2017.
O Conselho Executivo, composto por ministros das relações exteriores e funcionários do governo, terá, entre outros assuntos, o objetivo de pensar na eleição da nova liderança da Comissão da União Africana, aprovar o orçamento de 2013, examinar as fontes alternativas de financiamento da organização, e ainda considerar o estado da segurança no continente.
O encontro, que deveria acontecer no Malawi, foi transferido de última hora para Adis Abeba, devido a tensão política com o presidente do Sudão Omar Al-Bashir, que é condenado pela Corte Penal Internacional, por promover genocídio em seu país. Al-Bashir foi inforado pela presidente Joyce Banda que seria preso caso visitasse o Malawi.
Essa será também a segunda sessão sem a presença do líder líbio Muamar Kadafi, assassinado no ano passado e que exercia um grande papel de liderança na organização. Por outro lado, novos líderes devem participar pela primeira vez do encontro, como o presidente do Senegal, Macky Sall, e do Egito, Mohamed Morsi, que é o primeiro presidente eleito do país.
Hoje, 12, dirigindo-se ao Conselho, o atual Presidente da Comissão da União Africano, Dr. Jean Ping, sublinhou que a escalada de tensão entre o Sudão e Sudão do Sul, o motim no leste da República Democrática do Congo (RDC), e as mudanças inconstitucionais de governo em Mali e Guiné Bissau têm sido de grande preocupação para a Comissão. O líder ressaltou os progressos alcançados através das eleições democráticas no Senegal e Lesotho, bem como as atividades da Missão Africano na Somália (AMISOM).
De acordo com o Presidente da UA, a operação da Força Africana de Alerta (FAA) vai reforçar a paz e a arquitetura de segurança do continente, e falou da parceria estratégica com o sistema das Nações Unidas. "Isso irá gerar uma maior coerência política e estratégica na nossa abordagem ao abordar a questão da paz e da segurança no continente", observou Ping.
A União Africana foi criada em 1963 sob a liderança do então imperador etíope, Haile Selassie e líderes como Kwame Nrumah de Gana e Léopold Senghor, do Senegal. Assim como a União Européia, o objetivo final da instituição é criar um governo e moeda única no futuro. Apesar de enfrentar problemas estruturais e políticos, a instituição desempenhou um papel decisivo em momentos históricos para o continente como a criação de sub-regiões de cooperação econômica e o fim do apartheid sul-africano.
Paulo Rogério Nunes, de Adis Abeba, especial para o CORREIO NAGÔ. O correspondente foi convidado pela organização queniana Fahamu – Rede de justiça social, que tem como um dos objetivos estimular o monitoramento das ações da União Africana